Hoje eu completo mais um aninho de vida!!! Estaria muitíssimo alegre e pulando se não fosse pelo fato de estar sem uma pessoa especial para mim e se tratar também de dez dias após um ano de falecimento dessa pessoa, meu avô Antônio.
A proposta do meu blog é retratar meus sentimentos, pensamentos, opiniões acerca de todas as coisas com as quais me importo e gosto, tudo o que norteia e implica em minha vida, e essa é uma delas. Em meio a saudades, venho compartilhar essa minha “cartinha” com vocês…
“A ANTÔNIO,
04 de dezembro de 2012. Confesso que esse foi o pior dia da minha vida. O dia em que meu mundo desabou, o dia em que senti como se não houvesse nenhum motivo para continuar a viver, nenhum motivo para me fazer acreditar que tudo poderia ser melhor depois.
Eu fui fraca, eu sei, vovô. Eu deveria ter sido mais forte por minha mãe e por minha avó, mas peço desculpas por nã
o ter sido. O problema é que me sinto totalmente fraca e impotente sem você.
Foi uma surpresa e tanto. Você sabia que eu ainda tinha esperanças? Eram poucas, mínimas, apenas faíscas, mas eu as tinha. Porque quando você ama DE VERDADE, você espera o melhor para a pessoa alvo de seu amor. Você sempre ora pelo melhor acontecer a ela. Além disso, eu ainda tinha esperança porque o senhor me ensinou que mesmo quando tudo estivesse praticamente perdido eu deveria persistir, e por eu ter feito isso, por eu ter seguido seu conselho e aguçado mais ainda minhas expectativas, recebi um baque quando eu soube.
Lembro como se fosse hoje, vovô: o choro abafado de minha mãe para que eu não descobrisse, o olhar alarmado e receoso do meu pai, as lágrimas de minha irmã, e não precisou de palavra alguma para eu ter percebido que o pior havia acontecido… E então, às 5h15 de uma sombria terça-feira, a vida havia me pregado mais uma peça, uma tacada mestre daquelas que derruba cruelmente e dificilmente você consegue levantar. Foi naquela maldita e abominável terça-feira que eu perdi o homem que mais amei e amo nesse mundo. Eu perdi você.
“Volta vovô. Volta para mim”. “Deus, me devolve ele”. Cansei de pedir, implorar, suplicar mentalmente. Meu amigo, meu ‘negão’, meu conselheiro, meu pai, padrinho, meu travesseiro, defensor, meu vovô, eu sinto tanto a sua falta…
Foi você que me alertou sobre namoro, sobre o que era a vida, sobre ser uma mulher íntegra e não desistir de viver e concretizar os meus sonhos. Foi você que sempre sentiu orgulho de mim e me acalmou nos meus dias tensos e fadados ao fracasso. Mas foi você também que quebrou a promessa de que estaríamos sempre aqui, um para o outro, durante todos os bons e maus momentos. Por que foi cruel comigo? Por que desistiu de viver? Desculpa por tais acusações, Vô, eu sei o quanto estava sofrendo, mas não percebe o quanto de sofrimento e angústia ainda me causa deixando-me sem você?
Perdi as contas de quantas vezes cheguei abalada e exausta depois de um dia cheio e estressante, e fui até sua casa. Mas, ao contrário de tantas outras vezes, assim que cheguei ao portão eu paralisei, eu lembrei que não tinha mais você. Eu não recebi um de seus abraços de conforto, não ouvi seus comentários que me faziam rir, e nenhuma de suas palavras que me encorajavam e erguiam meu ânimo. Eu não encontrei você!
Vi um senhor parecido contigo e num piscar de olhos percebi lágrimas deslizando em minha face. Vi o seu time preferido jogar e chorei. Chorei e choro pelo cafuné que jamais terei novamente, pelo seu cheiro que nunca mais irei sentir, pela saudade das canções que você declamava, e até de algumas recordações de quando você resmungava, eu chorei por sua voz rude e por vezes calma que nunca mais irei ouvir. Eu nunca mais irei te ouvir, te ver, te abraçar. Nunca. Jamais. Eu o perdi para SEMPRE!
Eu só escrevo essa carta, pois é um desabafo que necessito fazer em prol da minha mente e de meu coração, é algo que preciso para ao menos tentar prosseguir… Sem você…
Você é inesquecível, insubstituível e sua morte provocou uma cratera em meu peito, um espaço vago e profundamente intolerável de esquecimento. Sua perda é uma ferida que jamais será cicatrizada em mim, nem que se passem meses, anos, décadas… E garanto isso, pois meu amor por você não será esquecido e reduzido em tempo algum.
Amanhã será um ano e 11 dias de ausência, dolorosa ausência eu confesso, mas apenas física, pois diante das minhas pequenas conquistas você sempre está e sempre estará em meu pensamento, e a todo o momento em meu coração. Meus únicos confortos agora são as lembranças boas que jamais se apagarão e os sonhos. Pois eu ainda posso sonhar com você, e sonharei tanto quanto dure a minha própria vida!
De sua filha, Susane Matos.”
Eternamente, amarei você!