Não me ‘conformo com conformismos’

Meus Escritos, Pensamentos
As dúvidas, às vezes, são obstáculos para arriscarmos naquilo que queremos. O desconhecido provoca medo por ser inseguro, incerto, um redemoinho de descontrole onde tudo e nada podem ocorrer. Porém, gosto de cometer riscos, não sou de me conformar com o pouco se no fundo eu sei que posso mais, eu quero, anseio por mais. Prepotência da minha parte? NÃO! Apenas não me “conformo com conformismos”.

Não sei se isso é apenas por ver tanta gente frustrada ao meu redor, seja com seus parceiros, com seus trabalhos, com os estudos, e até mesmo com a vida que leva; ou se esse meu pensamento é por mera questão de personalidade.

Pelo que vejo há vários pais (inclusive os meus) que um dia foram jovens cheios de sonhos como eu sou, cheio de pensamentos próprios que aos poucos foram enclausurados e esquecidos devido a influência, julgamento e conselhos de outros pais, que também receberam tais conteúdos de outros pais… Enfim! Um ciclo vicioso que acarreta e culmina na pressão sobre a geração mais recente. Uma pressão típica daquela pessoa que diz “meus filhos terão a oportunidade que eu não tive”. Tradução: “vou empurrar para meus filhos objetivos que um dia foram meus e não consegui realizá-los”.

Ok, ok. Muita calma nessa hora! É claro que não estou generalizando, sei que há casos e casos. Mas, vou focar no que vejo na minha família, e, exclusivamente, em meus pais. Sei que eles anularam seus sonhos para viver num mundo real onde no tempo deles as oportunidades que apareciam não condiziam com suas expectativas pessoais, porém deveriam ser ‘pegas’ para que não passassem. 
Resultado: seres frustrados.
E por falar em frustração, os primeiros que me vêm à mente nesse quesito são os integrantes de repartições públicas.

Quantos trabalham de péssimo humor por não realizar aquilo que gostam? Por permanecer numa função que odeiam apenas por um salário e estabilidade? Mas será que estão estáveis quanto aos próprios desejos? Se estivessem satisfeitos, muitos poderiam ser mais agradáveis e menos emburrados, correto? Mas não vou me limitar a apenas trabalhadores de empresas públicas, é claro que existem casos semelhantes nas privadas.

Eu tive minha experiência num cargo federal. “Uau, sou funcionária pública federal”, foi o primeiro pensamento que tive antes da realidade daquela vida me aplacar. Vida que eu queria, mas não pelo meu querer, apenas por influência, por me permitir galgar numa tão almejada carreira estável que é um desejo comum nesse nosso “maravilhoso” Brasil. É, Susane, foi um bem que me trouxe apenas o mal. Percebi que estava iludida, com a visão embaçada, me encontrei no círculo dos que aparentam estar satisfeitos, todavia remotamente, internamente e grandemente frustrados.

Olhando assim agora, percebo o quanto foi engraçado o fardo que a vida me empregou. Eu tive escolha, todos nós temos, porém não optei pela que no fundo eu ansiava com todo meu coração, preferi optar pela escolha mais sensata, aquela que provinha da razão, aquela que evitava que eu ouvisse comentários de pessoas próximas a mim do tipo: “como ela pôde abdicar desse emprego assim?”, “é virando as costas para essa oportunidade que ela quer ajudar a mãe?” “putz, que burrada Susane acabou de fazer”. E foi temendo, fugindo disso tudo, de todA pressão que estava fadada a sofrer que resolvi me arriscar nessa vida federal. 

Mas você pode pensar: “por que se importar com o que dizem os outros?”. Porque tudo importa quando essas pessoas são as que você ama e respeita. Não adianta dizer que não, pois a opinião delas sempre importa. Isso é fato!

E caraca, para uma garota solteira, cursando faculdade, morando com os pais, eu não ganhava mal. Então me entendam e não vejam como hipocrisia quando lerem o que escrevo a seguir: dinheiro nenhum compensou a forma como minha felicidade, saúde e vida foram tragadas.

Leram isso?

DINHEIRO NENHUM COMPENSOU as noites em que eu fiquei sem dormir direito, com diversas doenças aproveitando de minha fraqueza para dizer “oi, eu também estou aqui para diminuir e infernizar você”; dinheiro nenhum valeu a pena quando me percebi completamente infeliz por fazer algo que eu não gostava. E foi então que a depressão bateu à minha porta.

Foi uma das decadentes fases da minha vida. Enquanto muitos colegas da minha idade seguiam em frente com suas vidas, eu permanecia estagnada, sem desejar levantar e encarar as coisas boas que todos conseguiam enxergar, porque eu não estava disposta a realizar esse esforço já que nada fazia sentido, nenhuma centelha disso era motivador ou cativante para mim. E tudo piorou quando eu perdi o único homem que mais amei nesse mundo. Sim, porque quando algo ruim ocorre ele parece ter um efeito dominó, nunca vem sozinho. NUNCA vem sozinho.

Fui tragada para um mundo próprio onde os dias nunca amanheciam, tudo vivia em plena escuridão. O desânimo andava lado a lado com os pensamentos negativos, abusivos, encarcerários, que me despedaçavam lenta e corrosivamente. Por fora eu apenas emagrecia, perdia a vivacidade, a cor, a beleza e áurea juvenil, e por dentro me mantinha bem, bem PIOR: rancorosa, com raiva de tudo e todos, querendo absurdamente a solidão e somente satisfeita se o mundo em volta desaparecesse. Sentia-me difusa, confusa, com esperanças chupadas, emoções sem amortecimentos, e verdades que me alcançavam duramente. E se tais verdades poderiam ter um efeito ruim em você, em mim o efeito parecia cinco vezes pior. 

Mas não quero me apegar a esse momento depressivo, não é o objetivo central desse texto, deixarei isso para outra oportunidade. Entretanto, foi fundamental abordá-lo um pouco para que você chegue com total compreensão à conclusão final.

Voltando à linha de raciocínio do tema, vamos seguir para a seção relacionamentos. Olhem para os casais que existem ao seu redor, ou até mesmo seu/sua próprio(a) parceiro(a), e note se o compromisso que ainda mantêm é por amor e satisfação ou mera conveniência? Eu te garanto, dá para sacar de longe pessoas que só permanecem juntas por hábito, conveniência e acomodação. Porém, é muito, muito difícil (ao menos está sendo para mim) encontrar aqueles que permanecem por amor.

Nesse nosso ‘mundão’, onde a palavra amor perdeu quase que completamente seu verdadeiro sentido e importância, tornou-se algo de determinada forma trivial exteriorizar e correr atrás de sentimentos plenamente verdadeiros, e muito mais fácil ignorá-los e seguir em frente tendo em mente que amar verdadeiramente é uma proposta no mínimo duvidosa. Afinal, inúmeras pessoas nem creem que isso realmente exista, seja por lembranças ruins de algumas experiências vividas ou apenas por achar isso utopia e balela demais.


Ainda acredito no amor. Não só no seu significado amplo – como o relacionado ao amor ao próximo, envolvendo questões religiosas ou simplesmente o nome de nosso Deus, para mim a personificação perfeita do amor-, mas também na interação entre duas pessoas que se envolvem física e afetivamente. Amar para mim NÃO É moldar o outro como o ser perfeito e nem atribui-lo demasiadas expectativas (isso abre um enorme espaço para frustrações), no entanto é ver o outro em sua forma real e aceitá-lo com suas qualidades e defeitos. Não é ser possessivo e ciumento ao extremo (sim, AO EXTREMO, porque não ter 1% sequer de um desses dois é impossível), pois, segundo François La Rochefoucauld: “Nos ciúmes existe mais amor-próprio do que verdadeiro amor”. 

Amar é querer proteger, cuidar, estar compromissado DIARIAMENTE, é se empenhar e trabalhar duro para se anular de atos e palavras egoístas e colocar os desejos do outro também como prioridades, porque quando duas pessoas se amam, não há submissão, sensação de humilhação, nem um lado que domina e sofre mais que o outro, nem um lado que é mais feliz e satisfeito que o outro, pois essas duas pessoas simplesmente se apoiam, se contemplam e completam. Ufa! De fato, amar pode até ser algo complicado hoje em dia. Até mesmo porque quantas pessoas estão dispostas a fazer tudo isso? Só que ainda creio que todo esse esforço no final vale a pena.  

Um dia, em uma conversa com uma amiga, fiquei meio desapontada por ela me apontar e alertar sobre algo bem nítido aos meus olhos, mas que não queria admitir: muitos utilizam de uma terceira pessoa para esquecer aquele que seria o amor da sua vida. E por que fazer isso? Ao meu ver, por receio de se arriscar, por achar que é mais prático e fácil aceitar uma situação no mínimo cômoda, do que enfrentar, agarrar e tentar as mais diversas possibilidades para se ter alguém que verdadeiramente se quer. 

Quantos relacionamentos se desgastam por não ter essas premissas básicas na relação? De quantos casamentos ouviu falar que só ocorreram porque teve uma gravidez indesejada? Ou porque o casal já estava junto há tanto tempo que o casamento se tornou apenas conveniente? O rumo final já esperado para aquela condição?

Quantos namoros são mantidos apenas porque se está acostumado com o jeito do outro e é mais fácil se conservar uma pessoa da qual se criou o hábito de se ter ao lado? Quantas pessoas você acha que foram morar juntas por que estavam no auge da paixão (que não tem seu conceito similar ao de amor verdadeiro, e acaba. Sim, depois de certo tempo a paixão sempre acaba), e no final, depois desse período de “corações e flores”, permanecem debaixo do mesmo teto apenas se aturando? 

Conheço vários casais do tipo, um deles muito, mas muito mesmo próximo a mim. Eles namoraram, ela acabou engravidando, foram morar juntos. A convivência se tornou oportuna, e, quando a paixão acabou, os defeitos que o outro já tinha começou a incomodar, a relação tornou-se insatisfatória, e isso (embora não seja justificável) abriu brecha para diversas brigas em que ofensas viraram rotina, em que as críticas ao outro eram feitas até por coisas insignificantes, ínfimas, e para a traição ocorrer só foi questão de pouquíssimo tempo e oportunidade.

O pior disso tudo é que mesmo podendo evitar tal situação crítica com uma separação, o casal preferiu permanecer juntos, compartilhando dessa grande bola de descontentamento por conta dos filhos, porque seria complicado começar de novo, porque não teriam empolgação para se meter em uma nova relação. Porque… porque… porque… Por que é tão fácil impor tantos obstáculos para se distanciar do que não está dando certo, em vez de se desvencilhar do receio de optar e encarar a novos e desconhecidos empecilhos e possíveis conquistas?

Antes de prosseguir, pedirei perdão a essa pessoa que, com certeza, ao ler o trecho seguinte saberá que estou a expondo, mesmo não citando seu nome.

Eu abdiquei de uma relação com esta pessoa boa, maravilhosa, que tinha seus defeitos como qualquer outra, mas que eu verdadeiramente não amava. Eu quis muito, me esforcei, mas doeu perceber que, independente de sua mente insistir, nada dá certo quando não se convence ao seu próprio coração. Na luta por constatar isso, me perguntei inúmeras vezes se valeria a pena abandoná-la em busca do que pode não ser palpável para mim. Porém resolvi correr o risco.

Foi duro, não apenas por saber que estava fazendo essa pessoa sofrer, mas também porque tive que enfrentar meus próprios temores por sair de uma zona de conforto e partir para vias desconhecidas, para um futuro indefinido. Como um dia escreveu o consagrado Shakespeare: “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”. E de fato, lidar com a dor pode ser algo que nunca desejamos passar por ser difícil de administrar e sentir, porém ela é um verdadeiro caminho para você aprender… ou aprender! Não adianta, por mais que relute, quando você é/está ferido, aquela cicatriz sempre estará ali para te atormentar ou lhe lembrar do que precisa evitar fazer. No meu caso, parei de mentir para mim mesma, dando minha “cara a tapa” ao desistir de pensar nas dificuldades que teria ao me jogar nas coisas que desejo e que são de minha extrema vontade.

O fato é que, depois de rever esses variados conceitos em minha própria vida, hoje me sinto (não completamente, mas em uma maior proporção) destemida quanto ao que terei que enfrentar para conquistar o que EU QUERO!

Haverá dias turbulentos, eu sei, entretanto também existirão dias em que olharei para o céu e apenas verei azul, uma limpidez exorbitante e cativante que fará meus olhos encherem de lágrimas e meus lábios sussurrarem: “Obrigada, Pai”!, pois estarei demasiado satisfeita e repleta de felicidade por ter conseguido cumprir objetos que sempre almejei.

Minha única certeza como consequência de arriscar, me jogar de cabeça nas coisas que desejo, é porque elas terão um caráter idealizador e de dever cumprido para mim. Serão satisfatórias ao meu ser, meu interior, independente de falta de apoio ou de críticas de pessoas alheias aos meus sentimentos, aos meus ideais, que não se preocupam em saber ou respeitar QUEM EU SOU. 

É bom que fique ciente disso: quando se assume seus gostos, preferências e ambições, você é sempre alvo de críticas, pois, ao contrário das pessoas acomodadas e normais, seus feitos sempre refletirão e terão mais evidência do que os dos outros, já que você saiu do círculo de pessoas enfadonhas e conformadas. Poucas serão as construtivas, mas quanto as críticas negativas (putz!), elas estarão fartas em seu caminho. Há gente maldosa e que se sacia em ridicularizar ou expor demais os defeitos e erros do outro, para se redimir de seu autorretrato da imperfeição. Há pessoas que tentarão frear você em suas vontades impondo limitações que são delas.

Por isso, não desperdice seu precioso tempo ciente das suas opiniões e de seus conselhos negativos, perca seu tempo com algo e alguém que lhe acrescenta. Não se conforme com uma situação que não lhe é prazerosa apenas para agradar o outro, contudo faça o que for preciso para se prender e não desapegar de sua própria felicidade. Ela é ditada por você mesmo! 

Como disse Nietzsche, “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”. Não há certo e errado na busca por suas próprias e ansiadas conquistas (é claro que isso não vale quando o assunto é pisar nos outros, ok? Por favor, não façam isso!). E a única conclusão que espero que vocês tirem nisso tudo é que: ou nos conformamos com a ausência e escassez de algumas coisas na nossa vida, nos habituando a uma frustração diária que aos poucos incrustará em nossas peles e será difícil de arrancar posteriormente; ou lutamos para realizar todas as nossas benditas loucuras. Estou optando por esta última.

Com todo respeito e devoção aos que tem coragem de arriscar, 

Susane Matos.

Aviso

Informação
Bom dia!

Devido a mudança do nome do domínio do blog, alguns links para redirecionamento de página encontrados em cada aba (Meus escritos, Música, Livros, Filmes, etc) estão dando erro. Porém, aos poucos estou resolvendo o problema. Então, caso queiram procurar algum post de seu interesse, por enquanto é só ir no Arquivos do Blog (imagem abaixo). Lá tem todos os títulos direitinho. 

Peço perdão a vocês pelo pequeno transtorno, mas estarei corrigindo o mais breve possível.

Abraço!