Se ficar…

Meus Escritos, Pensamentos, rabiscos, Relacionamento
Sentimentos são feios e demonstrá-los é total sinônimo de fraqueza.
Foi o que repeti para mim inúmeras vezes após passar por aquilo…
Nós sabemos bem o quê.
Então passei a lidar e me importar comigo mesma.
Ciente de que esboçar qualquer emoção seria um risco.
Ciente de que me prender em um casulo seria necessário para minha defesa, independente do modo como aquilo faria os outros me enxergarem.
Ciente de que essa minha proteção impediria que descobrissem quem eu era…
Do que era capaz de fazer, agir…
Sentir.

Achei que, após inúmeras tentativas, meu coração era inalcançável.
Que manter relacionamentos era nada mais que desperdício de tempo.
Era fria, eu sei.
Mesmo que por dentro, no mais particular canto de mim, existisse uma garota inocente ainda suspirante por corações, flores, uma casa com cerca branca e cachorro, uma família para cuidar.
Um lar para chamar de seu.
Aquela romântica incurável, cuja filosofia era que os sentimentos bons poderiam superar tudo.
Porém esse canto particular era minúsculo.
Tornei-me fria, eu sei.
E sabia muito bem disso até conhecer alguém que pudesse esquentar as partes frias em mim.

Você ainda é uma parte importante para mim.
Mesmo que minhas palavras neste momento de nada mais tenham valia.
Mesmo que eu tenha cometido erros.
Mesmo que nada mais possa consertar a rachadura que se criou.
Minhas palavras…
Eu só preciso descarregá-las, como se em parte fossem embora certas emoções também.
Meu medo estragou tudo, eu sei.
Mas creia…
Nenhum dos meus temores estiveram relacionados a prosseguir com você.

Você pode dizer que sou uma louca…
Mas espero que as mais remotas e intensas emoções que lhe causei, tenham sido marcantes e talvez difíceis de apagar.
Você pode dizer que sou uma louca…
Mas ficaria satisfeita se isso significasse insistir em algo que tinha aprendido a crer, e que valeria a pena.
Você pode dizer que sou uma louca…
Mas eu poderia insistir muito, muito, muito mais, se tivesse a certeza de que você não desistiria fácil de nós…
Desistir tão fácil de mim.
Você pode dizer que sou uma louca…
E muito persistente.
Então na oportunidade seguinte eu sorriria e lhe demonstraria o quanto eu seria capaz por você, pra você.

Nos dias nublados e tristes você foi tão indiferente e distante.
E me questionei diversas vezes que talvez eu não tenha alcançado de verdade seu coração;
Que talvez você só quisesse a ideia que tinha de estar comigo;
E talvez nunca quisesse a quem realmente eu era.
Mas talvez eu apenas não tivesse sido suficiente.
E então percebi um temor que até então não sabia.

Lágrimas não foram derramadas. 
Poderia negar isso a todo instante, mas é uma pena não poder omitir isso de mim mesma.
Nem muito menos minhas falhas, incertezas… Inseguranças.
Minhas fraquezas.

Na saúde e na doença…
Nos instantes bons e ruins…
Minha mente repete sucessivas vezes estas palavras.
Queria que estivesse falando sério sobre momentos ruins quando, de repente, após a tempestade chegar para nós, você decidir desaparecer e curtir sua própria dor sozinho.
Queria que recordasse que no meu peito ainda havia um coração arrependido pela mágoa e dano que causou.
Queria que recordasse que eu ainda era empática e preocupada em manter tudo certo.
Queria que acreditasse que me importava muito a ideia de existir um ‘nós’.
Queria que acreditasse que o importar jamais se tornaria passado. Ele seria constante, pelo tempo que quisesse.
E queria que acreditasse que nada, nada mais me abalou tanto do que a distância que entre a gente foi criada.

Sua voz… Há quanto tempo não consigo ouvi-la…
Será que saberia distingui-la no meio de milhares?
Será que seu riso ainda me encantaria?
Será que sua proximidade ainda me causaria aquele reboliço gostoso na barriga?
Será que ainda poderia interpretar seu humor reparando em seu olhar?
Céus, será que ainda nos reconheceríamos tão intimamente?

Aceitação.
É isso o essencial para um fechamento.
Eu queria aceitar um fim. E estive tentando muito.
Porque é difícil ter tirado de você algo que não aproveitou o bastante.
Algo inconcluído e repentino.
Algo que sente como se houvesse um ‘muito’ para existir, mas que fora interrompido por atitudes mal interpretadas e palavras mal colocadas.

Por vezes queria que tudo tivesse acabado…
Mas essa é minha mente.
E tenho um coração trovejante e teimoso aqui.
Ele continua defendendo que o fim ainda não chegou;
Que ainda temos muito que viver, sofrer, aprender…
Continua defendendo que ainda preciso de você…
Aqui.

Passando por situações inesperadas.
Rindo por coisas bobas.
Discutindo e experimentando reconciliações.
Aprendendo sobre dores, e com elas amadurecendo.

Eu ainda queria ser taxada de louca…
Desde que fosse coberta sob lençóis de cetim e seus braços presos ao meu redor.
Eu ainda queria ser taxada de louca…
Desde que fosse com sua voz me garantindo que você ainda era meu, e que diante de vários e turbulentos desentendimentos, sua escolha ainda seria eu.
Eu ainda queria ser taxada de louca…
Mesmo após saber que poderia não ser mais única em sua vida.
Eu ainda queria ser taxada de louca…
E então eu correria para perto de você e te abraçaria, caso você decidisse ficar.
Eu ainda queria ser taxada de louca…
Mesmo sabendo que talvez já fosse tarde demais.

Ele me disse nunca

Desabafo, Inspiração, Meus Escritos, Pensamentos, rabiscos
Fugia de relacionamentos, após um anterior desiludido.
Isso era comigo.
Fiquei quieta e num resguardo bem contido.
Então Ele apareceu.
Apenas curtição, garanti.

O destino… Ah, esse danado.
Brincou novamente comigo.
Não dei ouvidos.
Embalei nessa relação, o apego foi rápido então.
Aquele jeito de Ele me conquistou.
Ele me fez revelar quem eu era.
Ele me permitiu.
Ajudou-me a aceitar como realmente sou.

Minha família estranhou.
O meu jeito.
Não me interpretem mal.
Ela apenas não me conhecia direito.
Tinha um formado conceito, daquela pessoa que eu deveria ser.
Mas não era.
Minha família não se interessou em me observar e descobrir direito.
Tal como Ele.

Revelei-me, me abri.
Aceitei-me, me escancarei.
Então Ele me decepcionou.
Ele inteiramente não me aceitou.
Há partes de mim que Ele ainda não concordou.

Partes de mim…
Obtusas, feias, tristes. Admito.
Partes que quero consertar.
Que me prejudicam.
Me afetam.
Que luto numa vontade constante e desmedida para delas me libertar.

E não é fácil.
Se fingir de forte.
Quando por dentro tenho várias partes fracas de mim… 
Guerreando entre si.

Me apaixonei por Ele.
Ele me disse nunca.
Conseguirei…
Confiar… 
Nele…
Eu desmoronei. 
Talvez Ele tivesse razão.

Nunca, ser incapaz, não poder…
Nunca confiarei no homem por quem me apaixonei?
Ou em qualquer outra pessoa?
Nem em mim mesma?

Eu, mim mesma, essa que vos escreve.
Essa que se abre em sua imperfeição.
Que no momento não vislumbra um sinal de valor.
Nenhum bom resultado.
Que está passando a avaliar o quão importante tudo isso é.
O quão relevante eu sou.

Nunca… 
Palavra que demonstra em seu significado uma imensidão de variações.
Assustadora e desanimadora.
Aniquiladora, traz um sofrimento descomunal.
Provoca intensas e, por vezes, negativas emoções.
Destrói e leva consigo o desejo de se ter esperança.

Esperança…
Pobre do ser humano que não possui.
Eu não possuo. 
Não mais. 
Aquele nunca de Ele apagou esperanças em mim.

Ele não entende…
Confiar não nasce como as folhas nas árvores.
Ela precisa ser plantada – regada – tratada – colhida… como uma flor.
Uma flor que desabrocha quando menos se espera.
Mas que não se cuida sozinha.
Que depende do outro.
Meu confiar não somente dependia de mim.
Meu confiar é como a flor.
No fim de tudo, meu confiar só dependia de Ele.
Ele…
O homem por quem estava apaixonada.

Por quem…
Estava…
Apaixonada.
Por mais magoada.
Ferida.
Ainda estou.

Ainda…
Há uma paixão intensa.
Explosiva.
Ela só aumenta dentro de mim.
Mesmo que eu nunca…
Consiga…
Confiar.


Por Susane Matos.
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